Hospital Estadual Pérola Byington também registrou
crescimento da procura pelo serviço entre adolescentes de 12 a 18 anos
Abuso sexual infantil: em dez anos, atendimento a crianças triplica em hospital de São Paulo (ThinkStock) |
Segundo
levantamento da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, o número de
crianças atendidas no Núcleo de Violência Sexual do Hospital Estadual Pérola
Byington triplicou nos últimos dez anos. Os dados, que se referem ao período
entre 2001 e 2011, também mostram que houve crescimento dos adolescentes entre
12 e 18 anos que procuraram o serviço.
Todas as
pessoas recebidas pelo núcleo são vítimas de algum tipo de crime sexual. Esse
serviço do hospital, que é referência em atendimento à mulher e a vítimas desse
tipo de violência, oferece acompanhamento psicológico por tempo indeterminado
aos pacientes, além de diagnóstico e, se preciso, tratamento para doenças
sexualmente transmissíveis e para as complicações de danos físicos.
De acordo com
o levantamento, 1.088 crianças de até 12 anos foram tratadas pelo serviço do
hospital em 2011. Dez anos antes, em 2001, esse número foi de 352 atendimentos.
Embora menos, a quantidade de adolescentes acolhidos pelo núcleo também
cresceu: em 2001, foram registrados 498 casos e, em 2011, 759, representando um
aumento de 52%.
No entanto, de
acordo com Jefferson Drezett, coordenador do Núcleo de Violência Sexual do
Pérola Byington, o aumento do atendimento de crianças vítimas de abuso sexual
não significa que a incidência desse tipo de crime tenha crescido, mas sim que
a procura pelo tratamento e acompanhamento adequado tem se tornado mais
frequente. "Hoje em dia é dada muito mais importância aos casos de abuso
sexual na infância do que há anos atrás. Familiares, profissionais de saúde e
de educação estão, ao que parece, mais conscientes sobre os sinais apresentados
por um jovem que passou por isso. As pessoas estão aprendendo, cada vez mais, a
identificar e notificar esses casos", afirma Drezett.
Meninos — A
pesquisa também mostrou que o atendimento feito a crianças do sexo masculino
vítimas de abuso sexual aumentou mais do que o feito às jovens do sexo
feminino. Entre os meninos, esse crescimento foi de 37%, enquanto, entre as
meninas, foi de 26,4%. De acordo com Drezett, esse dado mostra que a procura
por ajuda, e não a incidência de abuso sexual, entre meninos está aumentando.
"Por motivos de preconceito e pressão familiar, os meninos acabam falando
menos sobre terem sofrido abuso sexual do que as meninas", explica.
Segundo o
coordenador, atualmente, o sexo masculino representa entre 20% e 25% de todos
os atendimentos feitos a crianças vítimas de abuso sexual no hospital.
Estima-se que, de todos os casos de crime sexual infantis, entre 25% e 35% são
contra rapazes. "Esse maior crescimento no atendimento dos meninos não nos
surpreende, já que mostra que a porcentagem de procura pelo serviço está se
aproximando do total de casos que de fato acontecem", afirma o
coordenador.
O levantamento
ainda indicou que o número de adultos maiores de 18 anos que procuraram pelo
serviço, por outro lado, diminuiu em 40% nesse período. "Como houve maior
desenvolvimento dos serviços de saúde especializados em mulheres adultas, com
profissionais aptos a ajudarem aquelas que sofreram abuso sexual, pode ser que
as vítimas estejam procurando outros centros de referência que não o Pérola
Byington. No entanto, não há estabelecimentos pediátricos especializados em
abuso sexual em São Paulo, então as vítimas infantis acabam se concentrando aqui",
diz Drezett.
Recomendações
— Apenas entre 10% e 20% de todos os casos de abuso sexual que acontecem chegam
ao conhecimento de profissionais de saúde ou de policiais. De acordo com
Drezett, como crianças têm menos autonomia para procurar por ajuda, os adultos
que estão a sua volta devem ficar atentos a alguns fatores, como mudanças
abruptas de comportamento e queda do rendimento escolar. Se essas alterações
comportamentais ocorrerem, o ideal é estabelecer um diálogo sutil e discreto
com a criança e, sob suspeita de ter ocorrido abuso sexual, denunciar o caso
para o Conselho Tutelar mais próximo e procurar ajuda especializada.
Fonte: Veja online
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