Criança precisa de limites para o exagero na satisfação do que quer


O Dia das Crianças é uma daquelas datas em que o comércio aproveita para vender. Os pequenos a esperam ansiosos. Junto do Natal e do aniversário, é quando oficialmente ganham presentes. Oficialmente, pois o que se tem visto é que a prática de presenteá-los tem se dado sem critério algum.
 
As pessoas têm comprado muito. Isso se deve a alguns fatores, como a grande variedade de produtos, preços acessíveis (encontramos bonecas por R$ 9) e facilidades de pagamento.
 
Há uma preocupação de que está se formando uma geração de consumistas. Em verdade, essa geração já existe na figura dos pais, que consideram que coisas materiais vão fazer seus filhos e a si próprios felizes. A maioria acredita nisso e adquire bens materiais exageradamente. Alguma coisa ficou perdida no meio do caminho – o que realmente é preciso ter.
 
Para muitos, não possuir algo é estar numa posição abaixo do outro. Geralmente, o desejado é aquilo que o outro tem, não necessariamente o que é visto nas lojas ou propagandas – a grande vilã para muitos. Basta questionar uma criança sobre a razão de querer determinado produto. O referencial acaba sendo externo.
 
Os pais, temerosos de que seus filhos se frustrem, acabam atendendo seus pedidos, por vezes indo além do que o orçamento familiar permite. A frustração faz parte da vida e nos impulsiona a ir em frente, na busca daquilo que falta. Por exemplo, aprendemos a falar pela necessidade de nos fazermos entender. Algumas mães, na urgência de atenderem seus filhos pequenos de modo a não frustrá-los, acabam traduzindo o que querem mesmo antes que o digam, o que pode atrasar o desenvolvimento da fala. Que necessidade a criança tem de falar se só pelo olhar o outro já o compreende? Caso não seja atendido, ela procurará meios para isso, como se expressar pela fala.
 
O que chama atenção, no entanto, é que estão sempre querendo mais e nunca se satisfazem. Por que será que isso ocorre? Muito provavelmente por não serem coisas materiais que necessitam. Suas necessidades são outras, mas interpretadas dessa forma.
As crianças precisam de mais atenção, carinho e orientação dos pais do que de outras coisas. E limites claros e consistentes. Inclusive para o exagero na satisfação de seu querer. Lembrando aquela velha máxima – querer pode, ter já é outra história… e está condicionado a parâmetros reais, como se é necessário e se cabe no bolso dos pais.
 
Então, quer dizer que agora não devemos presentear mais os pequenos? Pelo contrário. Devemos sempre presentear, mas sem exageros. O melhor jeito de se fazer é evitar dar presentes a qualquer tempo, limitando-os às datas oficiais – Dia das Crianças, Natal e aniversário.
 
A quantia a ser investida é questão essencial. Desde cedo as crianças devem saber o valor das coisas. Ela não deve exceder às possibilidades financeiras da família – tanto para não trazer problemas óbvios, como dívidas, quanto para não assinalar à criança que não há um limite na vida. No caso de todos estarem de acordo da necessidade de um produto de valor maior, pode-se fazer um pacote, juntando os presentes de duas datas oficiais em um só.
 
Feliz Dia das Crianças a todos, sem muitos gastos e com muita alegria.
 
Fonte: G1

2 comentários:

thais maia disse...

Excelente!
Uma das questões mais frequentes no meu consultório é exatamente esta,a falta de discernimento dos pais, no presentear indiscriminadamente.
Parabens!

Simone Barbosa Pasquini disse...

Que bom que gostou Thais Maia!!! ;)