“Você já fez sua lição de casa?” “Estudou para as
provas?” “Fez o trabalho?” “Ainda não!!!???” Sabe‐se que as perguntas acima são habituais em uma casa com
estudantes e muitas vezes são faladas, “gritadas”, sussurradas (e outras formas
de se falar...) por muitos pais e/ou responsáveis.
São perguntas que saem de suas bocas por dia, por
hora, por minuto e muitas vezes são repetidas sem efeito. Passam a surgir
muitos sentimentos “incômodos” nos pais e/ou responsáveis: raiva, ódio,
tristeza, desespero, frustração, impotência, entre outros sentimentos... Por
outro lado, os filhos também se sentem cobrados, acham que os pais “pegam”
muito no pé e sentem‐se pouco confiantes ou
desmotivados para dar conta das atividades escolares. Tais sentimentos, de
ambas as partes, tornam‐se mais intensos quando
começam as cobranças feitas pela escola, acusações, boletins com notas
vermelhas, recuperação, bilhetes de reclamação na agenda...
Em alguns casos, há ainda a tentativa, muitas vezes
frustrante, de alguns pais auxiliarem os filhos na organização dos estudos.
Isso pode acabar gerando um desgasteainda maior nas relações familiares. Faltam
orientações aos pais sobre como proceder, ocasionando diminuição da
confiança dos pais em si mesmos e aumento do sentimento de fracasso dos filhos.
Alguns pais chegam até a utilizar de agressão física, acreditando erroneamente
que tal atitude geraria uma mudança do filho frente ao estudo.
Muitas vezes, o aluno é considerado como
“desmotivado”, caindo sobre ele mesmo a culpa de não se motivar, não ter
“vontade e/ou energia”. O filho ainda pode ser comparado com um irmão muito
estudioso ou um colega bem‐sucedido.
Considera‐se que o termo “motivação” pode ser utilizado por pais e professores para se falar dos filhos em
questão, entretanto, é interessante unirmos esse rótulo com uma possível mudança por parte de pais e professores, ou seja, toda essa “equipe” que tem como objetivo tornar um aluno/filho motivado necessita pensar
em mudanças de comportamentos e de novas formas de agir em relação a esse
aluno/filho.
Acima de tudo, o envolvimento dos pais na vida
acadêmica dos filhos é um ponto que deve ser incentivado porque promove
condições favorecedoras para a aprendizagem, mas é necessário descrever quais
atitudes os pais devem tomar para auxiliarem seus filhos a realizar
tarefas acadêmicas, estudar, fazer trabalhos e aumentar a motivação.
Associar eventos prazerosos com o comportamento de
estudar pode ser um meio de tornar o estudo menos aversivo, podendo chegar, de
forma gradual, a ser um momento de satisfação para o aluno. Elogios
sinceros e imediatos relacionados à atividade feita ou até mesmo ao comportamento
de sentar‐se à mesa de estudos. Qualquer criança precisa de palavras de
apoio e encorajamento por seu engajamento nas tarefas escolares.
O rótulo de aluno fracassado pode ser o fator
relevante para a esquiva do estudo. Uma vez que a pessoa tenha sido punida
por não entender um exercício, por errar uma conta, escrever uma palavra
incorreta, o estudo torna‐se um momento desagradável; por isso, demonstrar afeto e usar o elogio parece ser uma
“ferramenta” simples, essencial e barata.
Outro ponto relevante é dispor um espaço sem
distrações, sem muito barulho, arejado, iluminado e limpo. Além disso, é
importante deixar acessível o material necessário para a realização das
tarefas escolares. Fazendo isso, demonstra‐se para seu filho que ele tem um espaço para realizar suas
atividades e que isso é valorizado em sua residência.
Durante o estudo, pode‐se instruir sobre como procurar uma resposta no material da escola,
pedir para o filho contar o que entendeu (ainda que não tenha tido um
entendimento completo), relacionar com experiências do dia‐a‐dia, relacionar com outros
conteúdos estudados e, por que não, poder descontrair e
brincar a respeito do conteúdo estudado. Todas essas estratégias geram emoções
prazerosas, possibilitam a sensação de que estudar é possível e que se pode ser
bem‐sucedido nesse papel! Se,
por falta de tempo ou por inabilidade, os pais não conseguirem dar esse tipo
de atenção ao estudo, é possível contar com a ajuda de profissionais que atuam na
direção descrita acima. Afinal de contas, ser um bom aluno funciona para
aumentar a auto‐estima, a auto‐confiança e, em alguma medida, previne que os filhos obtenham “sucesso” em atividades indesejadas socialmente.
Por: Ana Beatriz Chamat, Filipe Colombin, Nicolau K. Pergher, Saulo Figueiredo
Fonte: Núcleo Paradigma
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