Uma carta escrita por Ricardo, adolescente de 15 anos, que foi divulgada pela
imprensa esta semana, chamou a atenção pela sua dramaticidade. Ele mora no
interior do Rio Grande do Sul, assumiu sua homossexualidade para a família e
sofreu preconceito, humilhação, bullying e homofobia na escola. Ana Maria Braga
falou sobre o caso no Mais Você desta quinta, 22 de março. A apresentadora
recebeu o adolescente, bem como um psiquiatra infantil.
No
último dia 13, ele foi ameaçado por um colega e pediu ajuda a um professor, mas
não foi ouvido. Depois da aula, foi espancado. É um caso de dupla violência:
bullying e homofobia. “Quem está aqui comigo é o psiquiatra infantil Gustavo
Teixeira. Ele trabalha orientando professores, pais e alunos sobre o bullying
dentro das escolas”, anunciou Ana Maria.
Adolescente
conversa com Ana
O
adolescente conversou, ao vivo, com Ana Maria Braga na casa. “Não sei
exatamente como estou me sentido. Por um lado esta divulgação é boa, porque
pode prevenir que outras pessoas sofram o que sofri”, destacou ele. “Estou com
muito medo de sair na rua. Teve gente que disse que queria me bater se eu
saísse na rua. Fiquei em uma cidade vizinha por um dia, depois tive que voltar
para a cidade e mudei de escola”, contou.
“Na
nova escola, nem mencionei que sou o menino que sofreu bullying, mas acho que
todo mundo já sabe. Nesta escola, estou sendo bem tratado”, relatou. “Eu já
sofria preconceito antes de falar isso, ninguém está imune ao bullying.
Qualquer pessoa pode sofrer, por ser bonito, por ser feio. Tanto o aluno CDF
quanto o aluno do fundão pode sofrer bullying e isso tem que acabar”,
desabafou.
“No início,
era uma carta de suicídio, mas depois me recuperei, alterei algumas coisas para
poder ajudar outras pessoas e mandei para uma ONG gay”, se emocionou o jovem
rapaz. “Os meus pais me dão muito apoio, eles são pessoas inteligentes e
cultas. São pessoas abertas, que toleram as diferenças”, discorreu. “Se eu não
tivesse denunciado, hoje não estaria aqui, estaria no túmulo”, analisou.
Psiquiatra
infantil analisa o caso
Na casa, Ana
recebeu Gustavo Teixeira, especialista neste tipo de situação. “As escolas
precisam vestir a camisa do tratamento. É necessário que haja um casamento
entre a família e a escola. Ela deve saber, primeiramente, o que é o bullying,
e identificar as crianças que possam vir a sofrer este tipo de violência”,
ressaltou o psiquiatra.
“Um de cada
três estudantes está envolvido ou como autor, ou como alvo destas agressões. O
agressor vai procurar o que ele considera uma vulnerabilidade, na verdade é uma
desculpa, A primeira coisa a fazer é pedir ajuda. A família deve dar uma
mensagem clara”, orientou o especialista.
Ele também
contou que os alunos mostram sinais de que estão sofrendo este tipo de violência.
“No domingo, ele já tem dores no corpo e não quer ir para a escola. No recreio,
ele sempre fica sozinho”, exemplificou. Sobre o caso de Ricardo, o especialista
aconselhou o adolescente a procurar ajuda psicológica e destacou que o apoio da
família é fundamental.
“Sozinho, ele
não vai conseguir resolver este problema. Ele é habilidoso, mas a escola vai
ter que vestir a camisa deste aluno. Se o professor não faz nada, está
legitimando o agressor a continuar”, enfatizou.
Fonte: Mais
Você
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