Washington, 7 jan (EFE).- As práticas sociais e as crenças culturais
modernas impedem o desenvolvimento mental e emocional das crianças, segundo um
conjunto de pesquisas interdisciplinares divulgado nesta segunda-feira pela
Universidade Notre Dame (Indiana, EUA).
'O estilo de vida dos jovens nos Estados Unidos segue piorando, especialmente
se comparado com o de cinquenta anos atrás', indicou em um simpósio Darcia
Narváez, professora de psicologia que é especializada no desenvolvimento moral
das crianças e na forma como as experiências podem influenciar no
desenvolvimento do cérebro.
'Algumas práticas e crenças equivocadas tornaram-se comuns de nossa cultura
como, por exemplo, o uso de 'fórmulas' infantis para a alimentação dos bebês, o
isolamento das crianças em seus próprios dormitórios, ou a crença em que, se
responder rápido às queixas do bebê, ele fica mal acostumado', disse Narváez.
A nova pesquisa vincula certas práticas da criação precoces - que são comuns
nas sociedades de caçadores e coletores - com resultados emocionais saudáveis e
específicos na idade adulta.
'A amamentação dos bebês, a resposta quando choram, o contato físico quase
constante e o que vários adultos que se ocupam da criação fazem são algumas das
práticas de criação ancestrais que demonstraram impacto positivo no
desenvolvimento do cérebro, que não molda somente a personalidade, mas ajuda,
além disso, na saúde física e no desenvolvimento moral', disse Narváez.
Os estudos, acrescentou, mostram que a resposta às necessidades da criança,
sem deixá-la que 'se canse de chorar', influencia no desenvolvimento da consciência,
e que o contato físico positivo afeta a reação ao estresse, o controle dos
impulsos e a empatia.
Do mesmo modo, segundo esta investigadora, o brincadeira livre em um
ambiente natural influencia nas capacidades sociais e como lida com agressões,
e quando há um grupo de pessoas que oferecem cuidado, além da mãe, melhora o
quociente intelectual.
Narváez afirmou que os Estados Unidos foram no sentido contrário em todos
estes aspectos de cuidados infantis.
Em lugar de estar brincando, as crianças permanecem mais tempo em seus
carrinhos, assentos para o automóvel e outros aparatos. Só ao redor de 15% das
mães amamentam seus bebês e as que fazem não vão além de 12 meses; as famílias
estão fragmentadas e diminuiu o tempo de pais e mães que permitem que seus filhos
brinquem.
Narváez afirmou que outros membros das famílias e os professores podem ter
um impacto benéfico quando a criança se sente segura em sua presença.
'O hemisfério direito do cérebro, que governa grande parte das
auto-regulações, a criatividade e a empatia, pode crescer ao longo de toda a
vida', acrescentou.
'Esse hemisfério cresce com experiências que envolvem todo o corpo, como os
jogos de 'luta', a dança e a criação artística livre', explicou. EFE
Fonte: G1
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