A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) protocolou nesta quarta-feira, 7 de fevereiro, uma representação junto ao Ministério Público da Infância e Juventude do Rio de Janeiro. A motivação da ação são as músicas "Surubinha de Leve", de MC Diguinho, e "Oh Novinha", de MC Don Juan. O objetivo é censurar as músicas como forma de regular o acesso de crianças e adolescentes ao seu conteúdo.
Em nota oficial, a SBP afirma que tais produções são nocivas ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. A iniciativa integra um plano de ação da entidade, que regularmente vem cobrando do Ministério Público medidas contra a veiculação de canções e outros produtos culturais com conteúdo inadequado.
Esta semana, a representação foi encaminhada para a Procuradoria Geral da República, solicitando "providências para interromper a reprodução imediata das músicas". No texto de defesa da SBP, a instituição defende que as referidas produções "promovem o estupro, a violência e outros crimes, bem como incitam o desrespeito às mulheres, podendo ser elementos prejudiciais na formação de crianças e adolescentes".
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REPRESENTAÇÃO – A SBP levou, nesta semana, uma representação à Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo que o órgão "tome providências para interromper a reprodução imediata" das músicas "Só surubinha de leve", de MC Diguinho, e "Oh novinha", de MC Don Juan. Em nota, a entidade fala em músicas "cujo conteúdo promove o estupro, a violência e outros crimes, bem como incitam o desrespeito às mulheres, podendo ser elementos prejudiciais na formação de crianças e adolescentes". http://bit.ly/2BM0ftJ |
"A prevenção contra a apologia ao estupro, contra o estímulo ao consumo precoce de álcool e drogas e contra a banalização do corpo e das relações sexuais são foco de uma representação que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) junto ao Ministério Público Federal e Ministério Público da Infância e Juventude do Estado do Rio de Janeiro. A entidade está preocupada com a exposição de crianças e adolescentes a produtos culturais (canções, clipes, games, filmes, seriados, etc.), cujo conteúdo pode fragilizar ainda mais o processo de formação e desenvolvimento dessa população"
Na página da instituição, mães, pais e usuários têm se manifestado em relação à medida. Por meio dos comentários deixados nos posts de divulgação da ação, percebe-se que a maioria se mostra favorável. "Parabéns pela iniciativa. As crianças merecem produtos culturais que respeitem o seu desenvolvimento físico, psíquico e emocional", disse um usuário. "A proteção da infância é dever de toda a sociedade. Parabéns pela iniciativa!", defendeu outro.
Em janeiro deste ano, as plataformas de música e audiovisual Spotify, Deezer e YouTube retiraram do ar a música “Só Surubinha de Leve”, sob acusações de apologia ao estupro. A estudante paraibana Yasmin Formiga, de 20 anos, foi quem iniciou os protestos contra a música nas redes sociais. “Sua música ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um ser humano”, declarou ela em uma postagem que viralizou nas redes.
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Sua música ajuda para que as raízes da cultura do estupro se estendam. Sua música aumenta a misoginia. Sua música aumenta os dados de feminicídio. Sua música machuca um ser humano. Sua música gera um trauma. Sua música gera a próxima desculpa. Sua música tira mais uma. Sua música é baixa ao ponto de me tornar um objeto despejado na rua. |
Porém, a questão acende uma discussão mais ampla sobre proteção à infância e até mesmo sobre o próprio conceito de Cultura. Como formar educadores e professores aptos a discutir valores e formação de identidade com as crianças? Como garantir, de forma efetiva, os direitos das crianças em questões como consumo cultural? Como abrir, em âmbito familiar, um caminho de diálogo aberto e consciente sobre assuntos considerados tabus, como sexualidade, desigualdade de gênero, violência urbana e sexual? Refletir sobre essas questões é fundamental quando o assunto é desenvolvimento infantil.